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segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Bruno Gularte Barreto apresenta exposição Inventário na Galeria dos Arcos

Bruno Gularte Barreto inaugura, dia 20 de novembro, às 19 horas, na Galeria dos Arcos, a exposição fotográfica Inventário, projeto que contou com financiamento do Fumproarte.

As 19 fotos que compõem a exposição foram
obtidas em uma série de ensaios realizados entre 2003 e 2006. Trata-se de um apanhado que encerra as duas primeiras séries fotográficas realizadas pelo artista.

Graduado na primeira turma do Curso de Realização Audiovisual da Unisinos, Bruno atua como fotógrafo e diretor de cinema, tendo trabalhado com fotografia e vídeo-arte para diversos filmes, peças e livros, entre eles a peça Crucial Dois Um, dirigida por Gilson Vargas, o longa metragem A Última Estrada da Praia, dirigido por Fabiano de Souza, o longa metragem Dias e Noites, dirigido por Beto Souza, a peça Andy/Edie, dirigida por João Ricardo, etc. No momento se dedica à finalização do seu segundo curta-metragem, Enciclopédia, a ser lançado no começo de 2009, e à direção dos vídeos e fotos para a peça Teresa e o Aquário, vencedora do segundo Prêmio Palco Habitasul.

Explorando artifícios como a projeção simultânea, o nu, a texturização da imagem através das mais diversas formas, foram produzidas imagens híbridas, onde modelo, fundo, projeção, textura e direção se misturam formando algo novo, no limiar entre o figurativo e o abstrato. A criação de personagens e o flerte com a performance surgiram naturalmente nesses ensaios, talvez fruto de seu trabalho paralelo com cinema.

Em uma nova etapa, os resultados obtidos anteriormente foram depurados e resultaram em formas mais sutis de intervenção. Estas séries – que resultaram em duas exposições – apesar de encerradas, não haviam apresentado ao público o trabalho concluído. Bruno re-visitou, então, os mais de 50 negativos dessas fases e se propôs a realizar um inventário desse período, resgatando as diversas imagens inéditas que ainda não haviam sido expostas e agrupando-as em conjuntos, tentando recriar a movimentação realizada no ato da captura como parte do ato de criação fotográfica. Um inventário é uma compilação de algo que passou, mas, com novos olhos, é também uma descoberta.

Inventário - Do Latim invenire, chegar a, relacionar, descobrir.

abertura 20 de novembro, às 19 horas
Galeria dos Arcos – Usina do Gasômetro
Av. Pres. João Goulart, 551, Térreo
Visitação de 21 de novembro de 2008
a 20 de Janeiro de 2009

Visitação de terças a domingos das 9 as 20h.

O Projeto contou com a produção de Daniel Laimer, curadoria de Jacqueline Joner, texto de Vitor Necchi, design de Guilherme Machiavelli e as modelos: Ana Luiza Bergmann, Clarissa Rossarola,Jonathan Romero, Martin Heuser, Pietra Graebin, Ridan Albuquerque. Agradecimentos: Pamela, Rita, Cândida, Gabardo, Fernando,
Leopoldo, Lucy, Adri, Lya, Seu João, Gus, Gerusa.

Texto de Vitor Necchi para exposição de Bruno Gularte Barreto

Inventário – mesmo que provisório

Vitor Necchi



Nas 19 fotografias deste Inventário, que agora rompem o ambiente resguardado da criação para se tornarem públicas, Bruno Barreto esboça uma espécie de acerto de contas com a amplitude do material bruto de suas duas mostras anteriores. Fotografias que antes restaram inéditas agora ganham sentido a partir de uma nova perspectiva.

Todas as imagens flertam com a abstração e foram obtidas com suporte analógico. Na exposição, os agrupamentos das obras formam dípticos e trípticos. O efeito resultante da distribuição espacial das fotos busca preservar uma prerrogativa muito pessoal do autor. Na bidimensionalidade das cópias fixadas nas paredes, a combinação seqüencial das imagens sugere o movimento que o artista fazia em torno dos modelos na hora da obtenção. Isso revela as sensações e percepções próprias do instante em que o real acabava convertido em narrativa. Assim, o ensaio fotográfico opera como uma espécie de registro integrado à própria ação performática.

As possibilidades de leituras vão além. A montagem das fotografias dialoga com o universo da narrativa cinematográfica, na medida em que constrói sentidos a partir da seqüência de imagens, criando formas e movimentos impossíveis de se obter com um único quadro.

Nos trabalhos anteriores, Bruno mantinha um controle mais rígido com o modelo. Exigia, quase à exaustão, imobilidade e concentração. Essa postura se atenuou na presente seleção, mas permanecem padrões como os corpos transformados em suporte para uma variedade de substâncias depositadas sobre a pele. Outro recurso preservado foi a projeção sobre os modelos de imagens previamente registradas em slide para, depois, captar uma segunda – e definitiva – foto. Assim como os significados, são várias as sobreposições. Substâncias sobre pele. Imagens sobre pele. Foto sobre foto. Fragmentos de um inventário – mesmo que provisório.