Inaugura no dia 10 de maio o projeto A Voz da Roupa, criado por Régis Duarte e Tiago Coelho, que propõe confrontar a realidade com a perfeição inatingível imposta pelas imagens de moda, através de ensaios fotográficos de trabalhadores em dois momentos diferentes: o primeiro, em linguagem documental, busca mostrar os profissionais em seus ambientes de trabalho, e o segundo, em estúdio, retrata os mesmos vestindo conceitos visuais de estilistas gaúchos que vem se destacando no mercado.
As duas imagens serão expostas lado a lado, discutindo o documento da realidade em comparação ao ambiente ficcional dos registros de moda. Os oitos estilistas convidados são Debora Ydalgo, Greice Antes, Vinicius Amorim, Vitoria Cuervo, Mauricio Placeres, Gustavo Werner, Carolina Motta Nunes e Régis Duarte. “O mais interessante no projeto foi a troca de mundos”, afirma Duarte. “Pudemos apresentar nosso cotidiano de trabalho a profissionais que não estão acostumados com esse universo; e os estilistas também tiveram uma oportunidade única de conhecer a realidade dos trabalhadores. Foi extremamente interessante perceber como apesar de parecerem tão distantes, existe muito em comum entre mundos tão diversos”, revela.
A estilista Vitoria Cuervo, por exemplo, andava nos últimos tempos com a foto documental do lixeiro Talis no bolso. O resultado dessa imersão na realidade do outro resultou em um forte conceito para o projeto. A empregada doméstica Adriana, vestida pela estilista Carolina Motta Nunes, foi um dos trabalhos mais contrastantes, entre real e ficcional. No documento da realidade, Adriana aparece na cozinha da casa onde trabalha diariamente, logo após o almoço, tendo acabado de finalizar a limpeza diária de que tanto está acostumada. Para o ensaio de moda, a modelo foi preparada com movimentos de dança transformando-se em uma cantora de Jazz.
“Cada estilista teve total liberdade para criar o conceito de seu ensaio, de acordo com a proposta de suas roupas. Tem-se ouvido muito falar em democratização da moda, uma vez que o mercado de luxo avança. Acho importante a existência da indústria, mas tem muita gente fazendo moda ou simplesmente vivendo moda, que não faz parte dessa ciranda. É uma moda mais vinculada à arte, à livre criação. Por isso escolhemos estilistas com esse perfil e não criadores de marcas consagradas na indústria”, ressalta o estilista.
Para Coelho, a escolha dos personagens foi crucial para o resultado final do projeto: “desde que A Voz da Roupa foi aprovado pelo FUMPROARTE, iniciamos a pesquisa de participantes. O importante era mais do que uma beleza óbvia, que não fazia parte dos nossos objetivos, mas uma desenvoltura e uma espontaneidade que fosse marcante na personalidade de cada um deles”. Foram selecionados como modelos dos ensaios: lixeiro, garçom, palhaço de circo, operadora da Trensurb, dançarina, empregada doméstica, policial e garçonete. “Eles surpreenderam pela interpretação e espontaneidade, acrescentando ao projeto muito mais do que esperávamos”, revela o fotógrafo.
Na abertura do evento, um coquetel de lançamento está agendado, com a presença dos integrantes do projeto, a partir das 19h. Durante o mês de exposição os criadores e seus modelos participam de conversas com o público, partilhando ideias, conceitos e experiências, nos dias 23 e 30 de maio, às 19h30, na Sala P.F. Gastal. A mostra encerra no dia 10 de junho e a entrada é franca.
A VOZ DA ROUPA
Abertura da exposição
Dia 10 de maio, às 19h – Galeria dos Arcos
Av. Pres. João Goulart, 551 (térreo da Usina do Gasômetro)
visitação até dia 10 de junho, de terças a domingos, das 9 às 21h
informações: 51 3289 8135
Conversas com estilistas e participantes
Dias 23 e 30 de maio, às 19h30, na Sala P.F. Gastal
(3º andar da Usina do Gasômetro)
Entrada franca
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